Aprendam outra palavra, por favor

super mãe 2

Sempre que escrevo aqui, às quintas, me derreto pelos meus filhos. Viagens, museus, descobertas.

Enfim, curto bastante ser mãe. Sempre curti, mas antes era diferente.

Vivia correndo, era uma mãe bem estressada e tinha pouco tempo pra eles. Agora tenho, bastante, tempo, eles estão crescidinhos, ficam na escola metade do dia e eu, realmente, estou curtindo, muito, essa fase. Aí os meus textos acabam, sempre, meio cor de rosas. Ou seja, refletem a fase que eu vivo agora. Esse momento.

Devo confessar que não gosto disso. De pintar a vida de cor de rosa, como se tudo fossem flores.

Existem muitas coisas na nossa vida que são glamurizadas, dando uma impressão de que a vida é perfeita, como no cinema, o que só traz comparações inúteis e frustração. A maternidade é uma delas.

Lembro de uma amiga, poucos meses após ter sua primeira filha, me dizer; por que ninguém me falou que era tão difícil? Outra me disse: simplesmente não consigo ficar tanto tempo com eles, eles me enlouquecem. Outra, ainda, sempre se pergunta: porque eles são tão ruidosos? nunca estão em silêncio. Eu mesma, no começo deste ano, passei duas semanas com eles doentes – em casa 100% do tempo – e achei que ia ficar maluca.

São mulheres que, como eu, amam seus filhos. Escolheram ser mães conscientemente, mas são capazes de reconhecer que a maternidade nem sempre é um mar de rosas.  Os filhos cansam,  o começo é difícil,  quando eles estão doentes eles consomem toda a nossa energia e, ás vezes, a gente, simplesmente, não tem paciência.

Não estou falando em gente egoísta, que não se importa. Estou falando de mulheres de verdade. Trabalham, ralam um bocado, cuidam das coisas da casa, estão sempre cansadas e sonham com um pouco de tempo pra si.

Houve uma época, em que eu comprava as coisas que me vendiam.  Primeiro ficava tentando sentir o que diziam pra eu sentir: as mães estão, sempre, felizes. Depois, ficava me culpando porque eu não me sentia assim, pelo menos não o tempo todo. Até que comecei a desconfiar. Será que isso é verdade?

Não é. Sou uma mãe, bem, feliz. Contudo, de vez em quando, também, fico de saco cheio. Aí lembro da mãe de outra amiga que, era super dedicada, mas  perguntava pras crianças se elas não sabiam outra palavra. Se a única que eles conheciam era mãe, só sabiam falar: mãe isso, mãe aquilo. Aprendam outra palavra – dizia a tia Sônia.

É assim que eu me sinto, às vezes. Aprendam outra palavra, por favooooorrrrr!

A última coisa que eu quero é vender uma mãe perfeita, que vive a maternidade sem percalços, como num conto de fadas.

Primeiro porque isso não é verdade. Segundo porque isso não vai fazer bem pra ninguém. Nem pra mim.

Só preciso que me dêem um desconto. Como todas as outras, quando falo de meus filhos, sou sempre a mais coruja. E a corujisse não tem cura, sinto muito.

Beijo pra vocês.

7 comentários sobre “Aprendam outra palavra, por favor

  1. Oi, Gabi! Eu adoro esses posts “maternos”! Você tem toda razão, a maternidade não é só flores, muito pelo contrário, tem uma boa dose de dificuldades! Tem horas que eu tenho vontade de sair correndo e nem olhar para trás! Mas mesmo assim, somos mais felizes por sermos mães, não é? Beijos!

  2. Gabi, eu amo muito ser mãe, mas me sinto bem assim como tu descreves. Coruja, feliz, mas, às vezes, de saco cheio também. Somos mães de verdade e não de comercial de margarina, não é?

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